sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Justa convocação para a Seleção Brasileira. Ponto alto na incrível reviravolta de Ricardo Oliveira. Superou a rejeição e o preconceito de vários clubes. Pelos 35 anos e por sua religiosidade...

Justa convocação para a Seleção Brasileira. Ponto alto na incrível reviravolta de Ricardo Oliveira. Superou a rejeição e o preconceito de vários clubes. Pelos 35 anos e por sua religiosidade...




Em de outubro de 2014, o Palmeiras sofria. No centenário do clube, o medo de Paulo Nobre era o rebaixamento para a Segunda Divisão. Seria o terceiro desde 2002. Ele e seu executivo de futebol, José Carlos Brunoro, estavam desesperados. Foi em pleno caos que souberam que Ricardo Oliveira estava voltando para o Brasil. Aos 34 anos, o jogador retornava ao país depois de quatro anos nos Emirados Árabes. E ele foi oferecido ao Palestra Itália. Sem custo. Só salário. A recusa foi imediata. Ninguém se deu ao trabalho de saber como estava jogando. No São Paulo também seu nome foi barrado imediatamente. Veterano já havia Luís Fabiano. Dirigentes de outros clubes como Flamengo, Corinthians, Internacional também souberam que Ricardo Oliveira estava livre. De fácil acesso. Mas nem se deram ao trabalho de analisar a possibilidade. Além da idade, havia a espiritualidade. Ricardo Oliveira é pastor evangélico. Há vários vídeos do jogador na Internet com testemunhos de fé do atacante. Além disso, ele é casado com Débora Oliveira, cantora gospel. Ele não gosta de tocar no assunto, mas sabe que também sofreu rejeição no seu retorno por causa da religião. Foi quando o Santos, combalido financeiramente, soube. E ofereceu um contrato de risco. Gastaria R$ 150 mil. R$ 50 mil mensais por 90 dias. O tempo de disputa do Campeonato Paulista. Se Ricardo Oliveira fosse bem, um novo contrato maior seria oferecido. Caso contrário, seria dispensado sem custos. Leandro Damião que havia deixado o clube, recebia R$ 700 mil mensais. Mesmo assim, houve muitos conselheiros que criticaram Modesto Roma. De que adiantaria contratar um veterano? Ele só atrapalharia por exemplo a carreira de Gabriel. Dinheiro jogado fora. Quanto à sua fé, estava claro que ele só deveria ser discreto. Sem cultos na concentração. Entrevistas só sobre futebol. Sua apresentação foi discreta. Cercada de desconfiança dos jornalistas. Todos sabiam do contrato de risco. O próprio Ricardo disfarçava o constrangimento, com seu baixo salário sendo repetido a todo instante. Quando veio o Paulista, a ótima surpresa. Ricardo Oliveira mostrou o quanto estava bem fisicamente. E com sua técnica apurada. Terminou o torneio como artilheiro, 11 gols, campeão e principal jogador da equipe.

"Onde existe crise, vejo oportunidade", disse sério, após a conquista. Seu contrato de risco com o Santos acabou. E ele recebeu um recado. O São Paulo estava interessado. Queria contratá-lo. A direção do Grêmio também. Foi quando honrou sua índole. Mandou agradecer. E assinou contrato até o final de 2017 com o Santos. Desta vez por R$ 200 mil, quatro vezes mais. E veio o Campeonato Brasileiro. O Santos com um time modesto, desacertado. Mesmo assim, a técnica, a vibração e o talento de Ricardo Oliveira seguiram se impondo. Marcou gol quando a equipe estava ameaçada pelo rebaixamento, quando começou a reagir e continuou agora, acertada pelo competente trabalho de Dorival Júnior. Ricardo Oliveira é o artilheiro disparado do Brasileiro com 17 gols.

Se mostra o jogador mais eficiente, com mais recursos entre os atacantes brasileiros no país. Cada vez mais torcedores e jornalistas comentavam sobre a possibilidade de ser convocado. Mas havia a idade. 35 anos. Na Copa do Mundo, os veteranos já foram barrados por Felipão. A única exceção foi Júlio César com 34 anos. Porque era goleiro. Dunga e Gilmar Rinaldi só repetem a palavra intensidade. Precisam de uma equipe competitiva e de alto nível físico para enfrentar as Eliminatórias. Ainda mais na primeira partida. Contra o Chile de Sampaoli, em Santiago. Em nome dessa vibração, recomposição, que deseja ver em campo, o treinador deixou de lado os rodados Kaká e Robinho. Além de virar as costas a Diego Tardelli, Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, por jogarem em países de futebol pouco competitivo. Foi quando o Liverpool avisou ontem a CBF. Roberto Firmino tem uma lesão muscular. E não se recuperará a tempo de jogar contra o Chile e a Venezuela pelas Eliminatórias.

Dunga foi tanto justo quanto esperto. Convocou Ricardo Oliveira. O melhor atacante e um dos melhores jogadores em atividade no país. Além do aspecto técnico, há o lado midiático. A chamada traz a aura de simpatia, diminui a rejeição ao time da CBF. Ele é o artilheiro do Brasil. Não da Ucrânia, da Rússia, da Inglaterra, do Afeganistão. Ricardo Oliveira não era chamado desde 2007. Pelo próprio Dunga, atuou no amistoso contra Gana. Até hoje participou de 12 partidas. Fez apenas três gols. Disputou a Copa América de 2004 e a Copa das Confederações de 2005. No auge, se contundiu e perdeu a chance de jogar a Copa do Mundo de 2006. Fred ficou com seu lugar. No vídeo, agradecendo a convocação, Ricardo Oliveira se mostrou muito empolgado. Mais do que isso. Tem futebol hoje para ser titular. A disputa será com Hulk, Lucas e Douglas Costa. É óbvio que será difícil acreditar que aos 38 anos, Ricardo Oliveira terá futebol para chegar até a Copa do Mundo da Rússia. Mas no momento, a escolha foi mais do que acertada. Jogador talentoso, artilheiro, líder positivo. Paulo Nobre, Brunoro, Aidar, Ataíde estão arrependidos. Não deram chance. Duvidaram de Ricardo Oliveira. Assim como os que foram preconceituosos com sua religiosidade. Agora, precisam aplaudir a sua merecida convocação. E pensar no jogador que disperdiçaram...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 25 Sep 2015 07:51:18

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