quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Rafinha não é o vilão que a CBF quis pintar. Muito menos um traidor da pátria. Depois de desprezado por anos escolheu a estrutura, o planejamento da Seleção Alemã. Quem atira a primeira pedra?

Rafinha não é o vilão que a CBF quis pintar. Muito menos um traidor da pátria. Depois de desprezado por anos escolheu a estrutura, o planejamento da Seleção Alemã. Quem atira a primeira pedra?




Dunga e Gilmar Rinaldi economizaram uma ligação internacional. Acabaram expondo o futebol brasileiro outro vexame internacional. Bastaria um deles ligar para 00(número da operadora preferida)49 8969-9310. Este é o número do Bayern de Munique. E mandar chamar Rafinha. Ele responderia. E explicaria no estava pensando há tempos. Se a Alemanha realmente o quisesse, optaria pelos campeões do mundo. Foi o que fez. Era o que havia decidido. A CBF não passaria pelo constrangimento de, faltando 16 dias, para o confronto com o Chile, pelas Eliminatórias, ter de anunciar a desconvocação. Além de não assumir a incompetência, o "comunicado oficial" da entidade de Marco Polo tentou diminuir o jogador, tornar Rafinha o vilão da história. "A Confederação Brasileira de Futebol recebeu uma correspondência de Márcio Rafael Ferreira de Souza (Rafinha), na qual o atleta solicita a “liberação” de sua convocação para a Seleção Brasileira. É de se enaltecer a sinceridade do atleta: “Não venho sendo chamado regularmente, não sou uma das principais opções em minha posição, considerando que há outros profissionais na minha frente”. Rafinha pretende tornar-se cidadão da Alemanha, país em que está há 11 anos. Respeitamos a opção do jogador, elogiamos a sua transparência e estamos executando o cancelamento da convocação de Rafinha. A CBF entende que somente jogadores integralmente comprometidos com a Seleção e nossa filosofia de trabalho podem fazer parte do grupo que representa o Brasil pelos gramados de todo o mundo."

A ênfase dada foi às frases que ele teria dito. "Não venho sendo chamado regularmente, não sou uma das principais opções em minha posição, considerando que há outros profissionais na minha frente." A tentativa foi mostrar que, em um relance de humildade, o jogador percebeu que Danilo e Daniel Alves são muito melhores do que ele. E não adiantaria nem tentar seguir sonhando. Seria uma mera terceira, quarta opção. Balela. Na empolgação, chegou até a celebrar no twitter sua chamada. Não destacou, lógico, que se os germânicos o quisessem, viraria as costas a Seleção. Não há vilania na situação. Só postura firme de quem sabe o que quer. É preciso saber conduzir a carreira.

Rafinha escolheu a Seleção Alemã. Já está certa sua naturalização e será o substituto de Lahm no time de Joachim Löw. "Com certeza, eu poderia aconselhar o (Joachim) Low. Ver o Rafinha na seleção alemã seria incrível para mim. O Rafa é um grande amigo. Quando chegou ao Bayern, ele estava um pouco atrás. Mas trabalhou muito bem e sempre deu tudo de si. O Rafinha é um jogador de muita classe, é um lateral direito de alto nível." A recomendação foi feita no mês passado pelo próprio Lahm, ex-capitão da Seleção Alemã, campeã mundial no Brasil. Falou no site do Bayern e foi divulgado por todo o mundo. Ao contrário do que fizeram Dunga e Gilmar Rinaldi, o técnico vencedor em 2014 já conversou com o brasileiro e deixou tudo acertado. Além disso, Schweinsteiger, novo capitão alemão, é grande amigo do brasileiro. E também o quer no selecionado.

Até qualquer senhora que vende doces nas estação de trem de Frankfurt sabe disso. Menos Dunga e Rinaldi. Para terminar de desconstruir a ópera bufa. Rafinha não tem nada de humilde. Muito pelo contrário. Ele sabe que é um grande jogador e faz parte de um dos maiores elencos do mundo. Um resumo da sua personalidade foi a maneira que ele desprezou os brasileiros do Shakhtar no ano passado. O Bayern humilhou os ucranianos por 7 a 0. E o lateral mostrou a raiva que sentiu quando eles ousaram chamar sua equipe de "time comum". Não perdoou os "gaúchos". Os batizou de "molecada nojenta". Fred, Taison e Luiz Adriano surgiram no Internacional. E Douglas Costa, no Grêmio. Aliás, Rafinha iria reencontrá-lo na Seleção de Dunga. O lateral brasileiro além de deixar claro o quanto considera esses jogadores arrogantes, disse que Marlos, que também surgiu no Coritiba como ele, fez outra revelação. Os "gaúchos" se juntavam para fazer da vida de Bernard "um inferno" no Shakthar.
E foi além. O próprio Rafinha após o 7 a 0, gravou no seu celular, uma conversa interessante com Schweinsteiger. Ele ironizava o fato de Douglas Costa ter pedido para trocar sua camisa com o alemão após o jogo. "Camisa, no", dizia o campeão mundial, incentivado pelo lateral. E os dois riam da situação. Depois que tudo se tornou público, Rafinha pediu desculpas. Mas ficou claro que, aos 30 anos, ele é o garoto submisso que a CBF tentou pintar. Para fechar, ele já foi comandado por Dunga na Olimpíada de 2008. Foi o titular no massacre da Argentina na semifinal, derrota por 3 a 0, que tirou o Brasil da disputa do ouro. O time, naquele 19 de agosto de 2008, Renan; Rafinha, Alex Silva, Breno, Marcelo; Lucas, Hernanes (Thiago Neves), Anderson, Diego (Jô); Ronaldinho e Rafael Sobis (Alexandre Pato). A partir daí, Rafinha foi deixado de lado. Teve outras convocações esporádicas. Sentia que Dunga nunca mais apostou de verdade nele. A desconfiança na Alemanha é que sua convocação agora só surgiu porque ele havia decidido se naturalizar. Seria uma maneira de enfraquecer um provável rival na Copa de 2018. O fato de Rafinha jogar as Olimpíadas não o impediria de atuar no time germânico no Mundial. Mas as Eliminatórias, sim.
O jogador colocou todos esses elementos em julgamento. E simplesmente virou as costas ao Brasil. Quis atuar na Alemanha, onde atua há mais de 11 anos. Não tem o sonho de jogar pelo Brasil. Não esta seleção atual, de Dunga. Com Douglas Costa. O time da CBF, de Marin, de Marco Polo. Preferiu estar naquele que venceu o jogo por 7 a 1. Deu o troco por ser desprezado. Como Diego Costa fez, escolhendo a Espanha. Repetiu Thiago Alcântara, filho de Mazinho tetracampeão. E quem ousará questionar a escolha dos dois? Só que ninguém precisa engolir histórias da carochinha. Rafinha quis a Alemanha. E não foi por medo da concorrência, não. Mas por se sentir melhor com a camisa campeã do mundo.

Acreditar no planejamento, na estrutura.

Não tem nada a ver com patriotismo, como querem muitos.

E sim entender a real conjuntura por trás dessa escolha...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 23 Sep 2015 09:48:25

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