Confiança. "Segurança íntima de procedimento. Crédito. Fé. Crença na honestidade, nas promessas de alguém." Esses são alguns significados que os dicionários definem para o sentimento que Juan Pablo Osório não tem. Não em relação à diretoria do São Paulo. Em quem o contratou: Carlos Miguel Aidar e Ataíde Gil Guerreiro. Em entrevista coletiva, o colombiano confirmou o que o blog vem publicando há pelo menos um mês. Osório está profundamente arrependido de acreditado nas promessas de Aidar e Ataíde. Que faria história no tricampeão mundial, teria um elenco excepcional nas mãos. Controlaria as contratações, vendas, base. Ampliaria, com muito mais recurso o que já fazia com sucesso no Atlético Nacional. Osório se sente traído há muito tempo. As saídas de Paulo Miranda, Denilson, Souza, Rafael Tolói. O fracasso na permanência de Dória. A venda de Rodrigo Caio, que não se concretizou por ele não ter passado nos exames médicos. Em cada transação, ele foi o último a saber. O repórter perguntou de maneira clara, cristalina. "Você confia na diretoria do São Paulo?" "Pelo que fizeram com o elenco e os desfalques, não." O treinador entendeu perfeitamente o que lhe foi indagado. Confiança em espanhol é "confianza".
Osório disse abertamente, o que o blog também vem publicando. Os contatos com a Seleção do México seguem praticamente diários. O colombiano só quer a garantia de um contrato de três anos. A certeza que será ele quem conduzirá o time na Copa do Mundo da Rússia. Ele tem 54 anos e quer, até completar 60 anos, idade que sonha se aposentar, ter o privilégio de trabalhar em uma Copa do Mundo. "O México é uma seleção de elite, com grandes possibilidades de ir ao Mundial. Eu quero ir a um Mundial e não posso negar que houve conversas. Agora, meu coração está aqui. No domingo também. No outro (3 de outubro), não sei. A qualquer técnico, a possibilidade de ir a um Mundial seduz. É o ponto mais alto da carreira de um treinador. Como a Champions League. É minha inquietude, minha pergunta de todos os dias: onde estarei nos próximos anos?" Ele deveria saber. Seu contrato com o São Paulo é até o final de 2016. Só que não quer ficar. E pretende usar o que Aidar e Ataíde não quiseram dar, contra os dois. Uma multa rescisório. Osório pediu, os dirigentes negaram. Acreditaram estar fazendo ótimo negócio, ao contrário do Palmeiras, que teve de indenizar o argentino Gareca em 2014. Só que o tempo passou e o treinador percebeu que ele pode demitir o clube que o "traiu". Osório escancarou que, para quem foi traído no passado, pode ser no futuro. A falta de confiança em Aidar e Ataíde segue cada vez mais forte. A resposta que a um repórter, se garantiria pelo menos se ficaria até o final desta temporada, foi um tapa na cara de quem o chefia.
"Com todo o respeito, você (jornalista) acredita nisso? Que após uma sequência de três ou quatro jogos estarei aqui? Há muita gente cínica no futebol. A verdade é essa: mais quatro maus resultados, eu não estarei aqui." Ou seja, não acredita em uma palavra de Aidar e Ataíde em relação a planejamento. A garantia dos dois que ficaria até dezembro de 2016 não vale nada para o técnico. Pelo que viu, mais três derrotas seguidas, a rua será seu destino. O treinador está tão desgostoso com o São Paulo, com o futebol brasileiro que decidiu. Abandonou as aulas de português. Não vê mais motivo para se aprofundar em um idioma que não pretende seguir usando. Osório disse ser falsa a notícia publicada na Colômbia. Que logo após a partida de amanhã contra o Palmeiras,ele vai embora do São Paulo. Mas avisou que quer uma conversa séria com a diretoria depois do jogo contra o Vasco, no Rio de Janeiro. A próxima quarta-feira, dia 30, pode sim, ser o último dia como técnico do "tricampeão mundial". Se ele tem contrato até dezembro de 2016, conversar sobre o quê? Aidar e Ataíde ficaram revoltados com o que ouviram ontem. Conversaram e decidiram que precisam ter um plano de ação em caso da demissão de Osório. O técnico que estava à mão e que pensa como o presidente foi para a China. Vanderlei Luxemburgo seguia sendo o predileto de Carlos Miguel. Depois de tantos fracassos, ele seria barato e "fácil de conduzir". Só que, exatos dez anos depois de comandar o Real Madrid, vive a realidade de sua carreira. Assumiu o comando do Tianjin Songjiang, da segunda divisão chinesa. Assim, Aidar quer que Milton Cruz esteja preparado para retornar ao comando time. Pelo menos até o final da temporada. E depois ele e Ataíde vão buscar outro treinador. Desta vez para começar seu trabalho na pré-temporada. Pode ser novamente outro estrangeiro.
A situação é péssima para o elenco. Osório é adorado pelos jogadores. Ele conseguiu reverter com elegância e firmeza a "perda do vestiário". As revoltas de Ganso, Michel Bastos, Centurión por substituições. Convenceu Luís Fabiano e Pato a conviverem bem. Rogério Ceni, o grande líder e ídolo do clube, é quem mais está inconformado com a situação. Sutil, ele criticou a postura da diretoria já em relação a Osório, Igor Maidana, brigas entre Aidar e Juvenal. "O clube está muito exposto", resumiu. Aidar terá de explicar ao Conselho Deliberativo a estranha negociação envolvendo Igor Maidana. Atleta que valia R$ 800 mil no Criciúma. E depois de dois dias no Monte Cristo, clube da Terceira Divisão de Goiás, foi comprado por R$ 2,4 milhões. Só que antes disso, há Osório. O presidente deverá falar sobre o futuro do treinador. Do São Paulo. Da busca por uma vaga na Libertadores. Da Copa do Brasil. A retórica de Aidar é ótima. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Mas não há palavras capazes de reverter o quadro. Não quando alguém assume publicamente... Não confia em você...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 26 Sep 2015 09:09:24
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