domingo, 20 de setembro de 2015

Por trás do ataque arrasador, Marcelo Oliveira sabe. Ou o Palmeiras aprende a marcar forte ou será quase impossível conquistar o sonho: a vaga para a promissora Libertadores de 2016...

Por trás do ataque arrasador, Marcelo Oliveira sabe. Ou o Palmeiras aprende a marcar forte ou será quase impossível conquistar o sonho: a vaga para a promissora Libertadores de 2016...




48 gols marcados em 27 partidas. Média de 1,7 gols por jogo. 30 gols sofridos em 27 jogos. Média, 1,1 por confronto. Equilibrar o melhor ataque com a 13ª defesa do Brasileiro. O dilema ficou evidente após a empolgante vitória diante do Grêmio ontem no Pacaembu. Quando a adrenalina abaixou, Marcelo Oliveira teve de admitir. É excelente ter ataque devastador, que não guarda posição, marca sob pressão o adversário, faz triangulações pelas laterais, faz de Lucas um excelente ponta direita, permite que Gabriel Jesus mostre todo seu talento, Barrios seu oportunismo, a esperteza e boa colocação de Cristaldo, a dedicação de Rafael Marques. Os chutes fortes de Robinho. Os toques curtos e precisos de Zé Roberto. A visão de jogo que começa a ser valorizada de Allione. A inteligência e habilidade de Cleiton Xavier. Fora a excelente bola área ofensiva nas cobranças de faltas e escanteios dos altíssimos zagueiros. Toda essa conjuntura deveria fazer com que o time estivesse brigando pelo título do Brasileiro. Os times acima na tabela, Corinthians, Atlético Mineiro e Grêmio não tem tantas possibilidades ofensivas. Não é por acaso que a equipe tem o melhor ataque do Brasileiro, o time que mais finaliza e o de maior número de cruzamentos para a área adversária. Ninguém tem dúvidas que o Palmeiras busca o gol. Mas o que sabota o conjunto de Marcelo Oliveira é o seu fraco poder de marcação. A desculpa fácil de ter perdido seu melhor protetor de zagueiros, Gabriel, contundido, é rasa demais. O problema está na compactação do Palmeiras. O time é preparado para atacar. Mas se expõe de forma infantil em qualquer contragolpe bem articulado. A recomposição é lenta demais.

Passou da hora de Arouca e Robinho serem cobrados. As funções defensivas que desempenham são fundamentais para o time. E não estão conseguindo equilibrar o apoio aos meias, atacantes e laterais com o dever de fechar as intermediárias. Travar as diagonais nas costas de Lucas e Egídio ou Zé Roberto. Thiago Santos, boa aposta, fica sobrecarregado na proteção da zaga. Se quer algo de verdade ainda em 2015, como uma das vagas no G4 ou a conquista da Copa do Brasil, o Palmeiras não pode viver apenas de ataque. E ser tão benevolente na marcação. Esse desequilíbrio não o levará a nada. Pelo contrário. Apenas encaminha o que pode se transformar em decepção. O Cruzeiro campeão brasileiro de 2013 tinha um meio de campo versátil. Todos se lembram de Everton Ribeiro e Ricardo Goulart na frente. Mas se esquecem do poder de recomposição, fundamental para o desempenho de Lucas Silva e Nilton. Henrique e Leandro Guerreiro davam sua cota de sacrifício. "As pessoas reparavam no nosso toque de bola ofensivo. Mas nós marcávamos muito. Encurtávamos o espaço para o time adversário. Cada um se sacrificava para o outro jogar", relembrou Lucas Silva.

Marcelo Oliveira repetiu a mesma fórmula e, mantendo seus jogadores importantes e ainda mais entrosados, venceu novamente o Brasileiro em 2014. O poder de marcação do time fazia com que a velocidade fosse dos contragolpes fosse ainda mais explorada. Era um grande perigo atacar a equipe mineira. "Vencemos outro Brasileiro em seguida porque melhoramos ainda mais o nosso poder de compactação. Com o time seguro, poderíamos partir para os contragolpes com quatro, cinco jogadores. Sabíamos que se perdêssemos a bola, haveria cobertura. Tínhamos ensaiado a maneira de recompor. Para atacar era preciso marcar muito", detalhou Everton Ribeiro. Se não fosse pelo transloucado desmanche de Gilvan Tavares, o Cruzeiro chegaria pronto para a Libertadores deste ano. Todo o árduo trabalho de dois anos foi trocado por dinheiro. Mas o que fica dessa vitoriosa passagem pelo Cruzeiro é que Marcelo Oliveira sabe o que fazer. Sofre porque não têm jogadores que se habituaram com essa dinâmica de compactação, preenchimento de espaço, travar a saída de bola do rival. Fechar as laterais. Tirar o oxigênio do adversário no tiro de meta.

Tudo isso leva tempo para treinamento. O treinador está há três meses, foi contratado em junho. Mas no futebol brasileiro, que não respeita planejamento, é assim. É preciso otimizar o tempo. Ser muito prático. O Palmeiras tem como principal objetivo deste ano é se classificar para a Libertadores. Há 11 jogos pelo Brasileiro para seguir entre os quatro primeiros. Na Copa do Brasil, o time está nas quartas de final. Terá pela frente o dificílimo Internacional de Argel. Equipe vibrante, com grande poder físico e preparo psicológico forte para o mata-mata. Se o Palmeiras passar, na semifinal, Grêmio ou Fluminense. Favoritismo total para o time de Roger. Não o que foi derrotado ontem. Mas completo, com seis jogadores fundamentais que não estavam ontem no Pacaembu. Marcelo Grohe, Geromel, Galhardo, Edinho, Maicon e Giuliano. Se ainda assim o Palmeiras vencer de novo, a decisão do título será contra Santos, Figueirense, São Paulo ou Vasco. Não será nada fácil. Portanto, essas três vitórias seguidas no Brasileiro, contra Figueirense, Fluminense e Grêmio são empolgantes. Pelo seu poder ofensivo. Mas é preciso muita atenção. O Palmeiras segue longe de estar pronto. O bilionário Paulo Nobre e seus amigos tão ricos quanto da Crefisa, prometem grandes reforços para Marcelo Oliveira em 2016. Querem que o Palmeiras tenha o melhor elenco do Brasil. Mas isso só acontecerá se o clube estiver classificado para a Libertadores da América. E usufruir de todo potencial financeiro de sua arena. Para isso Marcelo Oliveira terá de se desdobrar. Repetir que o caminho do gol adversário já está decorado. O problema está em se defender, compactar o time quando perde a bola, melhorar sensivelmente o posicionamento defensivo nas bolas aéreas, travar as laterais. O treinador sabe muito bem. As conquistas no futebol moderno infelizmente não dependem apenas de equipes com faro de gol. Mas vem dos times completos. Com forte poder de marcação também. É o que ainda falta ao seu empolgante Palmeiras...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 20 Sep 2015 07:27:18

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