quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Morre o Gaúcho da Copa. Ele foi o último torcedor símbolo da Seleção. Sua morte é simbólica. Representa o fim da ingenuidade e adoração ao time da CBF....

Morre o Gaúcho da Copa. Ele foi o último torcedor símbolo da Seleção. Sua morte é simbólica. Representa o fim da ingenuidade e adoração ao time da CBF....




Quando o Brasil perdeu por 7 a 1 para a Alemanha, no Mineirão, um torcedor chorava muito. Abraçava desconsolado sua réplica sem valor da Copa. Fotógrafos de todo o planeta não desperdiçaram a ocasião. As lágrimas de um brasileiro com a camisa da Seleção, agarrado a um pedaço de latão fundido, simbolizando o troféu que o time de Scolari não conseguiria. Sensacional. A foto de Clóvis Fernandes correu o planeta. Portais, jornais estamparam sua imagem. Ninguém poderia imaginar o que se passava com o torcedor mais simbólico da Seleção. Aos 59 anos, Clóvis Fernandes, não chorava apenas pela maior vergonha que o Brasil passou em todos os tempos. Suas lágrimas escorriam por ele. Diagnosticado com câncer nos rins em 2004, estava perdendo a batalha. A previsão não era nada favorável. A metástase o atacou severamente. Mesmo assim, ele tinha de continuar. Seguir representando o "Gaúcho da Copa", personagem que o corretor de imóveis criou. Interrompeu a quimioterapia e foi gritar, com o que lhe restava de fôlego, pelo Brasil de Dunga no gelado Chile. Sua última competição com a Seleção. Ele sabia disso. O time da CBF o fez sofrer pela última vez. A jornada acabou de vez nesta madrugada. O "Gaúcho da Copa", apelido que tanto amava, morreu. Vítima do câncer. A sua morte é simbólica. Não foi apenas um torcedor apaixonado que, desde 1990, seguia a Seleção nas suas grandes competições. Clóvis representa o final da ingenuidade. De um período de maravilhosas conquistas do time brasileiro. Ele viu o Brasil disputar três decisões de Copa. 1994, 1998 e 2002. Conquistar duas. Viu Romário, Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos, Bebeto, Cafu, Edmundo. Acompanhou todo o reinado de Ricardo Teixeira. Lula conquistando o direito de o Brasil sediar o Mundial em 2014. Só que os sorrisos do Gaúcho da Fronteira foram sumindo, desaparecendo. Derrotas dentro e fora de campo. O Brasil foi sendo superado pelos rivais. Técnicos ultrapassados que tentavam apenas copiar o que se fazia na Europa. Os grandes craques foram rareando. Muitas vezes nos estádios o que brilhavam eram apenas sua camisa amarela e o troféu de latão. Fora de campo, o Gaúcho da Fronteira passou a representar o país assolado pela corrupção no futebol. Com o ex-presidente da CBF preso na Suíça. Ricardo Teixeira na alça de mira do Departamento de Justiça Norte-Americana. O atual presidente da entidade sem poder deixar o território nacional com medo de extradição. Três presidentes da CBF acossados pela justiça. É muita vergonha. A imprensa internacional repercute a morte do torcedor símbolo do Brasil. O tom das matérias é de respeito. Mas seguem a simbologia. A alegria do futebol pentacampeão do mundo está acabando.

A mega loja que a CBF montou em sua sede nababesca no Rio de Janeiro faliu. Fechou. Não havia interessados em comprar camisas da Seleção. O museu da CBF é outro fracasso de visitas. Em postura digna de avestruz, tentava disfarçar o óbvio. Não citava a Copa de 2014 como se ela não tivesse acontecido. Com medo de vaias e desprezo, o time de Dunga vai disputar as Eliminatórias longe de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre. Escolheu Fortaleza e Salvador para levar seus jogos. Marco Polo del Nero acredita que o povo nordestino é muito mais festeiro. E com amnésia pelos vexames seguidos da Seleção. E, alienado, se sentirá honrado pelo direito de acompanhar essas partidas. Pode ter um amargo arrependimento. Já há indícios de repúdio à Seleção da CBF nas redes sociais. Esse é o Brasil que Clóvis Fernandes deixa. O personagem apaixonado que seguiu a Seleção por 25 anos morreu. Quem teria hoje a vontade de comprar a camisa da Seleção? E sair agarrado a um troféu de latão pelo mundo? Esquecendo família, trabalho, vida. Em nome do prazer de torcer pelo time da CBF? De Marco Polo, de Marin, de Ricardo Teixeria? Apoiar um time comum, com um grande jogador, mimado, exibicionista? Ver equipe capaz de colocar sete defensores contra a Venezuela? Descanse em paz, Clóvis Fernandes. Seu lugar ficará vago...





Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 16 Sep 2015 13:22:41

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