segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Os segredos do encaminhado hexacampeonato brasileiro do Corinthians. Como Tite superou três eliminações em casa. Falta de dinheiro. E levou jogadores desacreditados à Seleção Brasileira...

Os segredos do encaminhado hexacampeonato brasileiro do Corinthians. Como Tite superou três eliminações em casa. Falta de dinheiro. E levou jogadores desacreditados à Seleção Brasileira...




Sete pontos isolam o líder Corinthians do segundo colocado, o Atlético Mineiro. Faltam dez rodadas. São 88% de chances de repetir 1990, 1998, 1999, 2005 e 2011. 99% de certeza de estar na Libertadores de 2016. Se a taça do hexacampeonato brasileiro desembarcar no Parque São Jorge deve ser tratada com carinho especial. O Corinthians precisou se reinventar. A começar pela transição no poder. O ex-presidente Mario Gobbi havia rompido com Andrés Sanchez e implodiu a união que havia no grupo que comanda o clube desde 2007. Tornou inviável a permanência de Guerrero, contratando Vagner Love. Forçou a ida de Alexandre Pato para o São Paulo, pagando R$ 400 mil para o jogador atuar no rival. Antes havia feito péssimo contrato com o zagueiro Cléber, que virou as costas ao clube indo para Alemanha. Forçou a saída de Emerson Sheik. Mesmo sendo voz solitária, brigou o máximo que pôde para segurar Mano Menezes. Não queria Tite de volta de jeito algum. Quis mostrar que mandava. Por ele, o clube mesmo na Libertadores ficaria sem treinador até fevereiro, na sua saída. Já até pensava no interino. Quando Andrés e Roberto de Andrade perceberam o que estava prestes a fazer, o enfrentá-lo. E exigiram Tite. Se não aceitasse, seria exposto ao público que Gobbi estava se vingando de Andrés travando o próprio Corinthians. Foi quando Gobbi cedeu. Tite assumiu sabendo que Guerrero e Sheik não ficariam. Os dois jogadores também tinham essa certeza. Além de Gil, Ralf e Fábio Santos. Até mesmo Elias seria quase forçado a voltar para o Flamengo. O clube queria fazer dinheiro com os três de qualquer maneira. O motivo era o péssimo acordo feito pela construção do estádio. Toda arrecadação iria por contrato para o fundo formado pela Odebrecht e Caixa para pagar o BNDES. De repente, a falta de dinheiro começou a assolar o grupo. Atrasos de salários e direito de imagem. Tudo trabalhava contra. Até uma entrevista sem sentido do empolgado Tite à TV Globo. Ele queria mostrar sua modernidade, o quanto havia aproveitado o ano sabático. E revelou, em detalhes, a maneira tática como montou seu Corinthians que fazia muito sucesso na Libertadores. Resultado: as principais jogadas foram travadas pelos adversários. Mesmo favoritíssimo, o Corinthians perdeu a chance de chegar à final do Paulista. Perdeu nos pênaltis para o Palmeiras. E caiu de joelhos diante do Guarani do Paraguai, logo nas oitavas da Libertadores.

A eliminação da principal competição sul-americana foi um choque. Enorme. Tanto que abalou Tite e os jogadores. O treinador avisou a diretoria: o restante de 2015 seria para remontar o time. Na quinta rodada do Brasileiro, o Corinthians tinha duas vitórias, um empate, duas derrotas. Sete pontos. Após perder por 3 a 1 para o Grêmio, em Porto Alegre, Tite reiterou que 2015 não deveria ser um ano de conquistas. E sim de remontagem do elenco. Concordava com o que o próprio presidente Roberto de Andrade havia avisado, após a derrota para o Palmeiras por 2 a 0 em pleno Itaquerão. "O presidente já disse. Deu um passo para trás agora para dar dois à frente no ano que vem." Tite conseguiu diminuir as cobranças. A pressão por resultados. E nas 23 rodadas seguintes, foi o condutor de uma campanha que surpreende até quem comanda o Corinthians. Fez suas exigências e contou com a sorte. Guerrero, Sheik, Petros e Fábio Santos foram embora. Mas Gil, Elias e Ralf, não. Empresários não conseguiram levá-lo para a Alemanha. Elias foi firme com os dirigentes. Tinha contrato e não aceitava voltar para o Flamengo e ponto final. Não surgiram interessados em Ralf e ele também quis ficar. O treinador foi direto com Roberto de Andrade. Com atraso de salários e direito de imagem, o clube não chegaria a lugar algum. O presidente o ouviu e conseguiu dois empréstimos bancários apenas com esse objetivo. Desde que o dinheiro cai em dia nas contas dos atletas, a partir de junho, tudo mudou. Ao mesmo tempo, Tite conseguiu a recuperação de três peças importantíssimas ao time. Felipe superou toda sua insegurança. A contratação de Edu Dracena deveria ser para sua vaga. Mas surpreendentemente, o jovem zagueiro passou a treinar com muito mais afinco e personalidade. Se superou, quando muitos duvidavam de seu futebol. Virou o complemento ideal para Gil, que vive fase excepcional, merecendo a convocação para a Seleção.

Além de recuperar Felipe, Renato Augusto decidiu ser o melhor meia do Brasil. Plenamente recuperado de suas eternas contusões musculares, o jogador conseguiu compreender como ninguém a importância de ser dono das intermediárias. Ele não passou quatro anos na Alemanha por acaso. Teve as lições no Bayern Leverkusen do futebol compacto, de recomposição e ataque veloz, fulminante, que Tite queria implantar. Só que desta vez tinha condições de colocar em prática, sem ser sabotado por nenhuma distensão muscular. Também está na Seleção por todo mérito. Mas para que o Corinthians dominasse o meio de campo, setor preponderante, Renato Augusto precisava de um escudeiro à altura. E teve em Jadson tudo isso e mais um pouco. Com Mano Menezes, o meia estava sem rumo. Mal utilizado, no banco. Negociava sua ida para o Flamengo, quando Tite implorou para que Roberto de Andrade bloqueasse. Foi uma atitude marcante. Jadson é um atleta diferenciado. Ele precisa se sentir valorizado para render o que pode. Ele precisa de incentivo. Não de cobranças desmoralizantes, como Mano fazia. Com a confiança de Tite, o meia passou a jogar seu melhor futebol. De toques curtos, inteligentes e excelente bola parada. Virou, guardadas infinitas proporções, o "Iniesta" que Tite tanto ansiava. O Corinthians se descobriu com uma espinha dorsal completamente articulada. Cássio, goleiro em ótima fase. Dois laterais de ótimo apoio e suficientemente eficientes na marcação: Fagner e Uendel. A mais eficiente dupla de zagueiros do país. Gil e Felipe. Primeiro volante firme, ótimo marcador. Ralf ou Bruno Henrique. O segundo volante melhor do Brasil. Dois meias mais produtivos, Jadson e Renato Augusto. Esses nove jogadores empurrariam atacantes que estão longe de serem os ideais. Mas bastam para complementar a melhor equipe do país. Vagner Love e Malcom. Pena que Luciano tenha se contundido. Mesmo assim, a marca de 100 gols no ano foi atingida.

Tite com seu pragmatismo apelou para o 4-1-4-1 todas as vezes que se sentiu ameaçado. E na esmagadora maioria das vezes, somou pontos preciosos. Sorri agora diante da revolta daqueles que não aceitavam a covardia tática corintiana. Mas só ele sabia que, muitas vezes, seu time estava no limite. A empolgação corintiana neste final de ano é justificada. A incrível superação depois de três eliminações seguidas em casa: no Paulista, Libertadores e Copa do Brasil. Essas quedas teriam levado para o fundo do poço a esmagadora maioria dos clubes do país. Os erros dos árbitros acabaram favorecendo rivais, como o próprio Atlético Mineiro. O Brasileiro de 2015 será sim manchado. Mas por erros de juízes incompetentes que, por medo de perder escalas, favorecem clubes grandes. Mas não desonestos, pagos para favorecer determinada equipe. O trabalho efetivo de Tite, o grau de dedicação, a comunhão dos seus jogadores explicam a trajetória fabulosa do Corinthians neste Brasileiro. Não podem ser desprezados em função de erros estúpidos de árbitros. A campanha é vitoriosa demais para esta pequenez. São 28 jogos. 18 vitórias, 6 empates e quatro derrotas. Aproveitamento de 71,4%. 48 gols a favor. 22 contra. Saldo de 26. Culpa dos árbitros?

O cheiro de hexacampeonato não é por acaso. Faltam apenas dez jogos. Ponte Preta em Campinas. Goiás em casa. Atlético Paranaense em Curitiba. Flamengo, em casa. Atlético Mineiro, em Belo Horizonte. Coritiba em casa. Vasco da Gama, no Rio. São Paulo, em casa. Sport, no Recife. E Avaí, em casa. O caminho da consagração corintiana parece mais do que trilhado.

Suado, chorado, inesperado.

Superação é a marca deste encaminhado hexacampeonato corintiano...



Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 28 Sep 2015 10:13:43

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