segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Aos 61 anos, o Rei de Roma desembarca em Recife. Tentando transformar sua maravilhosa teoria em prática no Sport. Não há quem não torça por Paulo Roberto Falcão...

Aos 61 anos, o Rei de Roma desembarca em Recife. Tentando transformar sua maravilhosa teoria em prática no Sport. Não há quem não torça por Paulo Roberto Falcão...




Paulo Roberto Falcão. Um dos maiores volantes do Brasil em todos os tempos. Jogador sensacional, com enorme refinamento, vigor, habilidade, passes precisos, chutes potentes. Tudo isso somado à um senso de liderança exemplar. A elegância com a bola nos pés, de peito estufado, cabeça erguida, a determinação encantaram os italianos. O batismo de Imperador de Roma não foi por acaso. A transição de sua visão de jogo e comando para o cargo de treinador era algo mais do que esperado. Foi essa aura que Ricardo Teixeira esperava levar à Seleção em 1990, depois do fracasso do Brasil no Mundial da Itália com Lazaroni. Devido à insubordinação dos vários jogadores que exigiram maior premiação na Copa do Mundo, Falcão teve seu universo restrito na Copa América de 1991. Lançou Cafu, Márcio Santos, Mauro Silva e outros. Disse que revolucionaria a maneira da Seleção atuar. Acabaria com a lentidão. Empregaria novos esquemas táticos. Aos 36 anos era a imagem do otimismo. O Brasil foi segundo colocado, perdendo o título para a Argentina. Não jogou nada bem. Acabou demitido depois de 15 partidas. Parreira assumiu e foi campeão do mundo em 1994, com futebol horrível, pragmático, de resultado.

Falcão não gosta nem de lembrar essa situação. Depois da decepção com a Seleção, passou pelo América do México, Internacional, Japão. Sempre fez trabalhos pífios. Os convites sumiram. Ficou de 1994 a 2010 tralhando na Globo como comentarista. Seu desempenho era excelente. Ele sempre foi excepcional teórico. Sabe enxergar a melhor estratégia, as oportunas substituições, como reverter um jogo desfavorável. Se cansou de acompanhar tudo de longe. E trabalhar tanto como comentarista e jornalista. Decidiu voltar à profissão de treinador, certo que conseguiria atrair a atenção de grandes times. Voltou ao Internacional, onde nasceu. Só conseguiu durar 19 partidas. Isso porque é um dos maiores ídolos da história. A teoria é algo bem diferente da prática. Voltou em 2012 ao Bahia. Ficou 36 partidas. Não fez nada significativo. Pelo contrário até. Desde 2012, Falcão esperava uma chance para retornar ao futebol. Suas entrevistas nesse período eram maravilhosas. Continua sendo um comentarista excelente. Mas seu descanso acabou. Foi contratado para assumir o Sport. Tem contrato até dezembro de 2016. A diretoria do time pernambucano sabia que atrairia holofotes contratando Falcão. Ele foi um dos grandes personagens do futebol mundial. Mas em campo. Como treinador, jogadores o vêem como profundo conhecedor, mas com grandes dificuldades em transmitir aos atletas. Por ter sido extremamente habilidoso e inteligente, não costuma ter paciência para ensinar. É muito exigente. É defensor intransigente da hierarquia. Muitas vezes age como se estivesse na Europa e não com as limitações dos clubes brasileiros. Isso cria várias áreas de atrito. Além disso, dono de uma personalidade forte, não suporta ser questionado. Problemas com a imprensa foram frequentes quando trabalhou em clubes. A atual direção do Sport quer que o clube se firme como o mais poderoso do Nordeste. Como um dos maiores do Brasil. Investidores auxiliaram na montagem de uma equipe competitiva e que fazia um Brasileiro surpreendente nas mão de Eduardo Baptista, filho de Nelsinho Baptista. Quando os resultados passaram a não corresponder, depois de um ano e sete meses, o treinador preferiu uma saída estratégica. Foi viver o inferno no Fluminense.

Falcão sabe que, como no Bahia em 2012, terá uma torcida apaixonada, sonhando com o título da Sul-Americana e com uma recuperação no Brasileiro. O time despencou. Está na 11ª colocação, a seis pontos da zona do rebaixamento. A imprensa pernambucana prepara uma grande festa para a apresentação de Falcão. Age como se fosse o jogador no seu auge, na década de 80. O que reabriu o mercado italiano aos brasileiros. Um dos injustiçados do inesquecível time de 82. E não um treinador ranzinza, impaciente, irritadiço.

Com excepcional visão de tudo que o cerca. Capaz de destrinchar o Bayern do Guardiola. Mostrar as falhas do Barcelona de Luiz Enrique. Ou ainda mostrar porque confiar em Rafa Benítez no Real. Mas sem conseguir se adaptar às condições do futebol brasileiro. Aos 61 anos, terá de desmistificar o que muitos dirigentes acreditam. Que é um maravilhoso teórico que não consegue ser prático. Encarar a realidade. Na coletiva de amanhã em Recife há a garantia de um show. Quem quiser aprender algo sobre futebol deve ouvir Falcão. O problema já começará na quarta-feira. Será o treinador do Sport na prática contra o Huracan. O time argentino será o primeiro desafio pernambucano na Sul-Americana. Tomara que ele se supere. E consiga transformar suas ideias em ações. É o que todos esperam desde 1990. Não há quem não torça a favor de Paulo Roberto Falcão...




Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 21 Sep 2015 13:11:09

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