"Não adianta fazer cálculo, não vejo essa situação. Falei com eles ainda hoje que não existe um futuro, só o presente, isso é Buda. "Tem que se preocupar com a próxima partida, não tem que preocupar com o resto. Tem uma lógica, mas tudo fica resumido ao próximo jogo. "Não adianta fazer conta do que fizemos no passado, já era, e não acontece mais. O futuro só vai ser presente, quando chegar. Não conseguimos jogar no futuro e temos que apostar no presente." O discurso transcendental de Levir Culpi resume com exatidão como está o Campeonato Brasileiro. Imprevisível e com cada ponto valendo ouro. O equilíbrio é tamanho que não há como projetar pontos, classificação, antecipar conquista, título, Libertadores. A briga pela primeira colocação ganhou muito em emoção com a rodada de ontem. O Corinthians teve de suar sangue para conseguir empatar em casa contra o Grêmio. A partida foi dramática como uma decisão de campeonato. Com a eficiência e a intensidade do Grêmio de Roger desesperando várias vezes os torcedores no Itaquerão. O Corinthians de Tite começou a rodada com cinco pontos de vantagem sobre o Atlético Mineiro. Mas precisa agradecer aos céus não terminar apenas com dois. Manteve três graças a um empate arrancado a fórceps. O discípulo encarou o mestre. Roger foi jogador de Tite no Grêmio. Sabe os fundamentos básicos que ele gosta de aplicar. A marcação pressão na saída de bola do adversário, as triangulações pelas laterais, os eficientes cruzamentos, o controle do jogo com a bola nos pés dos seus jogadores mais conscientes. Ir sufocando pouco a pouco o rival. E preparou seu time para bater de frente, sem medo de pelear, como gostam de resumir os gaúchos. E foi 4-1-4-1 contra 4-1-4-1. A partida foi eletrizante. Com briga por centímetros. Corintianos e gremistas entraram para tentar jogar e não deixar o rival respirar.
O confronto entre o primeiro e o terceiro colocado do Brasileiro foi emocionante. Nem a forte neblina conseguiu tirar o brilho do jogo. Renato Augusto conseguia se sobressair diante dos implacáveis Edinho e Walace. Douglas renascia contra seu ex-time. Ralf e Marciel não sabiam o que fazer para parar o inspirado meia. O Corinthians sentiu falta demais de Elias, impedido de jogar por estar servindo à Seleção da CBF. O Grêmio usava a velocidade nos contragolpes para arrepiar Tite. E sabia o lado a explorar. Novamente o treinador corintiano apostava no inseguro Edílson na lateral direita. E foi um drama. Ele expunha Felipe e desarrumava Edu Dracena. Aos 11 minutos, Roger lançou sobre a cabeça do lateral corintiano. Deixou Pedro Rocha livre, cara a cara com Cássio, ele chutou cruzado, fora. Aos 30 minutos, Giuliano deu ótimo passe para Pedro Rocha, o cruzamento foi perfeito. Marcelo Oliveira, sozinho, dentro da pequena área, teve coragem de chutar para fora. Os gaúchos não viraram o primeiro tempo vencendo por 2 a 0 por erros de conclusão. A marcação funcionava perfeitamente. Isolava os meias Jadson e Renato Augusto do ataque. A bola não chegava para Malcom e Vagner Love. Edílson e Yago (que entrou no lugar do contundido Arana) nada construíam pelas pontas. Não havia segurança para as triangulações. Roger havia decorado a maneira corintiana de atacar. No intervalo, Tite tentou fazer com que o Corinthians voltasse com o meio de campo mais adiantado, evitando a saída de bola gremista. O cenário começava a melhorar. Mas veio o golpe. Adivinhe por que lado do campo?
Walace viu Marcelo Oliveira entrar em velocidade, pela esquerda. Ele cruzou para o ex-corintiano Bobô empurrar para as redes. Grêmio 1 a 0, aos 13 minutos. Placar justo e que mudava a cena do Brasileiro. Tite engolia em seco. Os jogadores começavam a dar mostra de nervosismo, repassando intranquilidade aos torcedores. Tudo estava dando certo para os gaúchos. Foi quando Jadson acertou um lançamento espetacular de pé esquerdo. A bola viajou e conseguiu alcançar a cabeça de Renato Augusto. O jogador só a desviou de Tiago. 1 a 1, aos 21 minutos. O gol inesperado fez tremer o Itaquerão. O Corinthians recuperou os nervos e a confiança. O lado emocional gremista ficou por minutos abalado pelo vacilo de sua zaga. E aos 28 minutos, Rildo quase virou a partida. Cássio chutou para a frente, Vagner Love desviou e Rildo passou entre Rafael Thyere e Bressan. Chutou forte de pé direito, Tiago conseguiu espalmar a bola que foi parar na trave. Renato Augusto já se empunha nas intermediárias. Conseguia desarmar o sistema defensivo gaúcho. Foi o responsável pelo melhor momento corintiano no jogo. Mas um lance de contragolpe quase fez o Grêmio marcar seu segundo gol. Douglas deu de calcanhar para Giuliano. O meia foi à linha de fundo e chutou forte, Cássio espalmou para o meio da área. A bola caiu no pé esquerdo de Douglas, livre, na marca do pênalti. Mas o chute saiu forte demais, por cima. Perdeu um gol inacreditável. A partida terminou empatada. Com gosto amargo para os gremistas que sabiam que poderiam ter vencido. Mas doce aos corintianos. Sobreviveram a uma partida dificílima. Tite tomou enorme susto. Precisa descobrir de maneira urgente o que fazer quando não tiver Fagner. Edílson passa por péssima fase. A liderança do Brasileiro ainda é corintiana. Mas caiu de cinco para três pontos. O Atlético Mineiro não teve problemas diante do Avaí, venceu por 2 a 0 e está no seu encalço. E o Grêmio de Roger provou que pode ser a grande surpresa deste campeonato. Está a três pontos dos mineiros e seis dos paulistas. Só que segue embalado, empolgado e jogando bem demais. Estas últimas 14 rodadas do Brasileiro prometem ser sensacionais. Como foi o confronto entre o discípulo e seu mestre...
Fonte: Esportes R7
Autor: cosmermoli
Publicado em: 10 Sep 2015 01:50:02
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